quinta-feira, 20 de março de 2014

Que acontece aos animais após a morte?


Um assunto pouco estudado, a exigir maior empenho das religiões, é o destino dos animais depois da morte. Amigo e vizinho do saudoso padre Adolfo Serra, muitas vezes discutimos os dois sobre coisas do Céu e da Terra. Muito aprendemos com ele, embora discordássemos em alguns pontos. Holístico, aquele culto sacerdote católico respeitava a opinião alheia, mas defendia, por exemplo, que as almas dos animais, por serem demasiado tênues, fora do corpo físico perdiam a individualidade e se dissolviam no todo universal.
Ficava-nos, então, a dúvida atroz: se tantas espécies demonstram muito mais do que mero instinto, apresentando princípios de inteligência às vezes surpreendentes – como macacos, cães, cavalos e elefantes –, como os teriam adquirido e desenvolvido? E criaria Deus seres inteligentes para sem utilidade se perderem no nada?
Respostas para indagações semelhantes só viemos a encontrar na lei da evolução espiritual, passando pelos três reinos da natureza – mineral, vegetal e animal, para um dia alcançar o hominal e, mais consagrador ainda, o angelical, neste o espírito conquistando a perfeição preconizada por Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial” (Mateus 5; 46).
Germe do espírito, no reino mineral 
A edição de fevereiro de 2008 do Reformador, revista da Federação Espírita Brasileira, apresentou interessante matéria sobre a espiritualidade dos animais, assinada por Eurípedes Kühl, autor do livro Fragmentos da História Pela Ótica Espírita, da qual reproduzimos a seguir alguns conceitos, todos eles baseados em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Criado por Deus, o germe do espírito, no reino mineral, sem individualidade, só tem força mecânica, sem vitalidade. Alcançando o vegetal, é dotado de vitalidade e adquire vida orgânica – nasce, cresce, reproduz e morre, além de instinto rudimentar.
Como animal, mostra instinto acurado e inteligência fragmentária, juntamente com a capacidade de comunicação própria de cada espécie, com princípio independente que sobrevive à morte.
O princípio independente, individualizado, algo semelhante a uma alma em começo, propicia-lhe limitada liberdade de ação, apenas nos atos da vida material e sem livre-arbítrio. Essa alma, não sendo humana, não é um espírito errante, aquele que, no intervalo das reencarnações, continua pensando e agindo de acordo com suas decisões, no exercício do livre-arbítrio.
Ao morrer, cada animal é classificado pelos espíritos superiores encarregados dessa missão. Enquanto aguarda breve retorno às lides terrenas, via reencarnação, é mantido em vida latente e sem contato com outras criaturas. Ao ser reconduzido à nova existência terrena, é colocado em habitat de sua respectiva espécie.
Conceituados autores espíritas, agora vivendo fora da matéria, derramaram mais alguma luz sobre a escuridão desse mistério para as mentes humanas. Deus constantemente libera ao homem conhecimentos à prestação, em todos os sentidos, épocas e áreas.
Sem predadores, em sono profundo 
André Luiz, em particular, servindo-se da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, a mais sensível antena psíquica do nosso tempo, refere-se a animais encontrados no mundo espiritual, como aves, cães, cavalos, íbis viajores e muares. Alguns são escalados para diferentes tarefas, como encontramos em dois de seus livros: Nosso Lar, capítulo 33, e Os Mensageiros, capítulo 28. No capítulo 12 de Evolução em Dois Mundos, André Luiz narra que, após a morte, os animais têm dilatado o seu “período de vida latente” no plano espiritual, caindo em pesada letargia. Dessa hibernação, são genesicamente atraídos às famílias da sua espécie, às quais se ajustam.
Esta informação é fundamental para o entendimento de como os animais vivem no plano espiritual, confirmando o que registrou Kardec em O Livro dos Espíritos, lançado há quase 157 anos: após a morte, os animais são classificados e impedidos de se relacionarem com outras criaturas. André Luiz faz idêntica afirmação, ao mencionar que aqueles não destacados para alguma tarefa entram em hibernação e logo reencarnam. Em consequência, na espiritualidade, os animais ali não utilizados em missões laboriosas não possuem vida consciente, mas vegetativa. Livres da ação de predadores, em sono profundo e permanente, não necessitam de alimento, não brigam, não se deslocam nem se reproduzem.
Como se nota na literatura espírita, as referências a animais na espiritualidade dizem respeito, na maioria das vezes, àqueles que podem ser denominados animais biológicos e, espiritualmente, superiores. Raríssimas são as alusões a aves, peixes, insetos ou sobre as incontáveis espécies extintas há milhões de anos, como os grandes sáurios pesquisados pela arqueologia.
Igualmente escassas são as citações à pouca esclarecida transição do animal para o hominal, quais as espécies no topo da cadeia onde se desenvolveram os espíritos até as primeiras reencarnações como homens, o chamado “elo perdido” dos biólogos. De relance, no Nosso Lar, André Luiz cita a existência no mundo espiritual de “parques de estudo e experimentação”.
Assim, eis aí um assunto realmente fascinante, sofisticado e complexo, envolto no véu do mistério, que desafia as melhores inteligências e convoca ao raciocínio os gênios do pensamento humano.

Fonte: www.dm.com

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